sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Na contramão do Mundo: de qual mundo? (PARTE II)



(2)  Num sentido mais limitado, o mundo é a ordem presente da existência humana, o contexto espaço-temporal da vida.

Este é o mundo das posses materiais, onde o homem precisa se preocupar com “coisas” que são necessárias, mas que facilmente se tornam um fim em si mesmas (Lc 12:30). A “ansiedade” provocada por essas coisas é incompatível com a busca do Reino de Deus (Lc 12:22-31). Os tesouros que o homem seria capaz de juntar na terra são perecíveis (Mt 6:19). De nada adianta ganhar “o mundo inteiro”, mas perder ou ficar privado de sua própria vida, conforme Lucas 9:25 (cf. Jo 12:25). Há um realismo cristão a exigir que levemos isto a sério: “Nada trouxemos para o mundo e nada levaremos do mundo” (1 Tm 6:7). Todas as posses materiais estão sob o signo da transitoriedade de um mundo que avança inexoravelmente para o fim. À luz desse fim tudo que só pertence ao presente torna-se relativo; não pode ser considerada como a totalidade da existência humana (1 Co 7:29-31; cf. 1 Jo 2:17). Pelo contrário: forma parte do sistema da rebelião humana contra Deus.

Proclamar o Evangelho é proclamar a mensagem de um Reino que não é deste mundo (Jo 18:36), e cuja política, portanto, não se pode conformar à política do reino deste mundo. Esse é um Reino cujo soberano “rejeitou os reinos do mundo e sua glória” (Mt 4:8; cf. Lc 4:5), a fim de estabelecer seu próprio reino com base no amor. É um reino que se faz presente entre os homens, aqui e agora (Mt 12:28), na pessoa daquele que não vem deste mundo(tou kosmou toutou), mas “de cima”, de uma ordem situada além do cenário transitório da existência humana (Jo 8:23).

(René Padilla em A missão da igreja no mundo de hoje. Digitalizado por Eric Brito)

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