sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Na contramão do Mundo: de qual mundo? (PARTE I)



MUNDO NA PERSPECTIVA BÍBLICA

A simples observação da importância que o termo mundo (grego cosmos) tem no Novo Testamento (especialmente nos escritos joaninos e paulinos, e em passagens relativas à história da salvação) já bastaria para demonstrar a dimensão cósmica do Evangelho. A obra de Deus em Jesus Cristo lida diretamente com o mundo como um todo, não simplesmente com o indivíduo. De modo que a soteriologia que não leva em consideração as relações entre o Evangelho e o mundo não faz justiça ao que a Bíblia ensina.

Mas que é o mundo?

Não posso empreender aqui um estudo exaustivo do tema, mas à guisa de introdução tentarei, de maneira sucinta, selecionar as várias correntes de sentido do complexo termo cosmos, tal como aparece no novo Testamento.

PARTE I

     (1 ) O mundo é a soma total da criação, o universo, “os céus e a terra” que Deus criou no princípio e que um dia criará de novo.

O que mais se destaca no conceito neotestamentário do universo é sua ênfase cristológica. O mundo foi criado por Deus através da Palavra (Jo 1:10), e sem ele nada do que existe se fez (Jo 1:3). O Cristo que o Evangelho proclama como agente de redenção é também o agente da criação de Deus. É ao mesmo tempo o alvo para o qual se dirige toda a criação (Cl 1:16) e o princípio de coerência de toda a realidade, material e espiritual (Cl 1:17).

À luz da amplitude universal de Jesus Cristo, o crente não pode ser pessimista relativamente ao destino final do mundo. Em meio às mudanças da História, sabe ele perfeitamente que Deus não abdicou de seu trono, e que na ocasião propícia todas as coisas se porão sob o jugo de Cristo (Ef 1:10; cf. 1 Co 15:24ss). O Evangelho implica a esperança de “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21; cf. 2 Pe 3:13). Conseqüentemente, a única evangelização verdadeira é a que se dirige para o objetivo final da “restauração de todas as coisas” em Jesus Cristo, prometida pelos profetas e proclamada pelos apóstolos (At 3:21). A escatologia centrada na salvação futura da alma acaba sendo demasiado limitada em face das escatologias seculares de nosso tempo, a mais importante das quais – a marxista – espera instaurar a sociedade ideal e a criação de um novo homem. Hoje, mais do que nunca, a esperança cristã, em toda a sua plenitude, tem de ser proclamada com tal convicção, e com tal força, que a falsidade de todas as outras nem careça de demonstração.

(René Padilla em A missão da igreja no mundo de hoje. Digitado por Eric Brito)

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